A Vida Fotografada por Maureen Bisilliat E Claudia Andujar

Embora estrangeiras, Maureen Bisilliat e Claudia Andujar adotaram o Brasil como pátria e deram importante contribuição no campo das Artes e da Política.

Neste post, farei um recorte da trajetória de Maureen Bisilliat e Claudia Andujar e apresentarei os pontos de intersecção nas obras e vidas destas 2 Mulheres Inspiradoras!

Portfólio de Bel Young

MAUREEN BISILLIAT 

Maureen Bisilliat nasceu em Englefieldgreen, na Inglaterra, em 1931.

Bisilliat viveu em diversos países por ser filha de diplomata.

Maureen residência em São Paulo, em 1957, e se naturalizar brasileira na década seguinte.

A Fotógrafa realizou sua primeira obra de “equivalência fotográfica” (inspirada em clássicos da Literatura Brasileira): A Guimarães Rosa (1966) atendendo a uma sugestão de Guimarães Rosa (1908 – 1967).

Maureen  fotografou a Serra das Araras, em Minas Gerais, a fim de registrar o cenário onde o enredo de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa se passa.

A legenda das imagens do livro são compostas por trechos do clássico de Guimarães Rosa.

Ademais A João Guimarães Rosa, Maureen produziu os livros de “equivalência fotográfica”:

Visita (1977), baseado no poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987);

Sertão, Luz e Trevas (1983), fundamentado no opúsculo de Euclides da Cunha (1866 – 1909);

O Cão sem Plumas (1984), na poesia de mesmo título de João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999);

Chorinho Doce (1995),  composto por poemas de Adélia Prado (1935);

Bahia Amada Amado, (1996), com textos de Jorge Amado (1912 – 2001).

Confira 3 Dicas De Como Fotografar Imagens Impossíveis De Ignorar!

Caranguejeiras, de Maureen Bisilliat

Além de seus livros, Maureen trabalhou, de 1964 a 1972, nas Revistas Realidade e Quatro Rodas, em que realizou importantes fotorreportagens como Caranguejeiras (1968), inspirada no poema O Cão Sem Plumas, de João Cabral de Mello Neto.

Em Caranguejeiras, Maureen registrou, para a Revista Realidade, o trabalho das catadoras de caranguejo na aldeia de Livramento, na Paraíba.

Já para a Quatro Rodas, Bisilliat realizou a primeira fotorreportagem brasileira na China.

Em 1972, Maureen foi convidada pelo sertanista brasileiro Orlando Villas-Bôas (1914 – 2002) a fotografar o Parque Nacional do Xingu.

O convite surgiu, devido ao trabalho realizado em A João Guimarães Rosa.

Gostando de A Vida Retratada Pelas Lentes De Maureen Bisilliat e Claudia Andujar?

XINGU 

A experiência no Parque Nacional do Xingu foi registrada nos livros Xingu, (1978) e em Xingu/Território tribal (1979), em coautoria com os irmãos Orlando e Cláudio Villas-Bôas.

A publicação Xingu/Território tribal foi laureada com o prêmio de Melhor Livro Fotográfico do Ano, pela empresa Kodak.

Além de seu trabalho imagético, Maureen dedicou-se ao Cinema, com destaque para o documentário Xingu/Terra, rodado na aldeia mehinaku, no Alto Xingu.

O longa codirigido por Lúcio Kodato (1947), foi escolhido para abrir o Margaret Mead Film Festival, no Museu de História Natural de Nova York, em 1979.

Na década de 80, Maureen foi convidada pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1922 – 1997) a montar o acervo de arte popular latino-americana (Pavilhão da Criatividade), do Memorial da América Latina.

Bisilliat foi curadora do Pavilhão, de 1989 a 2011.

Sem ideias? Veja 4 fatos Sobre Sebastião Salgado Para Te Inspirar!

EQUIVALÊNCIAS, APRENDER VIVENDO: VOLTA AO PASSADO 50 ANOS 

Já em 2010, Maureen teve a ideia de realizar um filme autobiográfico e poético, ao mesmo tempo, já que o longa mostra os lugares que a artista visitou (Minas Gerais, Salvador e Livramento), sua trajetória e também pequenos capítulos dos escritores que inspiraram a fotógrafa a realizar suas equivalências fotográficas.

O filme Equivalências, aprender vivendo: Volta ao passado 50 anos foi lançado em 2019.

Ano: 2019
Duração: 96 min
Idioma: Português e inglês

Prêmios

Devido a sua importante contribuição iconográfica, Maureen recebeu importantes condecorações como:

Prêmio Especial da Crítica pela exposição Xingu/Terra, na 13ª Bienal Internacional de São Paulo (1975);

Prêmio Fotojornalismo Abril (1984);

Melhor Fotógrafo” da Associação Paulista dos Críticos de Arte  – APCA – (1987);

Galardão Governador do Estado do Rio/Golfinho de Ouro em Fotografia (1987).

CLAUDIA ANDUJAR: UMA VIDA DE LUTA 

Claudia Andujar nasceu em Neuchâtel, na Suíça, em 1931.

Judia, Claudia viveu em diversos países durante sua infância e juventude (devido à perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial), até fixar residência no Brasil, em 1955.

Nas décadas seguintes, trabalhou para importantes revistas como: Life, Look, Cláudia e Quatro Rodas. 

De 1966 a 1971, Claudia trabalhou para a Revista Realidade, em que realizou importantes fotorreportagens e tocou em temas controversos e pouco difundidos na imprensa brasileira como: a situação dos pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em São Paulo.

Em 1970, ao realizar uma reportagem especial sobre a Amazônia, para a Revista Realidade, Claudia teve o primeiro o primeiro contato com os índios Yanomami.

Desde então, passou a documentar e a defender os direitos dos índios Yanomami.

Tanto que Marcados (2009), seu trabalho mais reproduzido, foi formado pelas imagens que a fotógrafa tirou dos indígenas com números presos ao corpo, uma vez que estes não tinham nome próprio, com o objetivo de identificá-los e catalogá-los, para os registros utilizados pelas equipes de vacinação, que visavam imunizá-los contra o sarampo e a poliomielite.

Ainda na década de 70, recebeu 2 bolsas, uma da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e outra da Fundação Guggenhein, para estudar os índios Yanomani.

Além de retratar e estudar os índios Yanomani, Claudia lutou pelos direitos dos índios, ao participar da Comissão pela Criação do Parque Yanomami (1978 a 1992) e do Programa Institucional da Comissão Pró-Yanomami (1993 a 1998).

Gostando de A Vida Retratada Pelas Lentes De Maureen Bisilliat e Claudia Andujar?

CLAUDIA ANDUJAR, A ESTRANGEIRA

Tais experiências foram retratadas nos livros:

Amazônia (1978), realizado em parceria com George Love (1937-1995);

Mitopoemas Yanomami (1979);

Missa da Terra sem Males (1982);

Yanomami: A Casa, a Floresta, o Invisível (1998);

Marcados (2009).

O longa-metragem A estrangeira, produzido pelo Instituto Inhotim, lançado em 2015, narra a trajetória de Claudia Andujar, desde a sua infância errante até o contato e a defesa dos direitos dos índios, em especial, dos Yanomami.

Já o mini documentário A Realidade de Claudia Andujar, de Jorge Bodanzky, retrata os 6 anos (de 1966 a 1971), em que Claudia trabalhou, como freelancer, para a Revista Realidade.

7 Sites De Fotografia Que Te Inspiram A Ser Um Fotógrafo Melhor

Ainda em 2015, foi inaugurada a Galeria Claudia Andujar, pavilhão dedicado à obra da fotógrafa (19ª coleção permanente do Instituto Inhotim), Museu localizado em Brumadinho, Minas Gerais.

MAUREEN BISILLIAT E CLAUDIA ANDUJAR

Embora estrangeiras, Maureen Bisilliat e Claudia Andujar adotaram o Brasil como Pátria e deram importante contribuição no campo das Artes e da Política, uma vez que construíram uma obra iconográfica baseada na nossa realidade e, portanto, genuinamente brasileira; mas, principalmente, lançaram luz sobre a questão indígena e obtiveram importantes conquistas, como a demarcação das Terras Indígenas Yanomami, em 1992.

Portfólio Bel Young

Curtiu A Vida Retratada Pelas Lentes De Maureen Bisilliat E Claudia Andujar? Compartilhe!

Antes de imprimir, pense. O meio ambiente agradece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

quatro × cinco =