A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco na cultura brasileira, pois quebrou paradigmas e influenciou diversos movimentos, como o Modernismo, o Tropicalismo e a Bossa Nova.
Confira 5 Curiosidades Sobre A “Semana De 22”!
1. A Exposição de Lasar Segall (1891 – 1957) e as duras críticas de Monteiro Lobato à mostra de Anita Malfatti (1889 – 1964), concorreram para a criação da Semana de Arte Moderna de 1922.
Já que a Exposição de Lasar Segall é considerada a primeira mostra de pintura não acadêmica realizada, no Brasil. A Mostra ocorreu em 1913.
Ademais, a Exposição de Anita Malfatti (1889 – 1964), realizada, em 1917, é aclamada a Primeira Mostra Modernista.
A mostra de Anita foi influenciada pelos Movimentos Cubista, Futurista e Expressionista.
A segunda razão foi a desaprovação de Monteiro Lobato (1882 – 1948) externada no artigo “Paranoia ou mistificação?”, publicado em O Estado de S. Paulo.
No artigo, Monteiro Lobato afirmou que as obras modernistas eram fruto de “cérebros transtornados por psicoses”.
Além disso, o Escritor defendeu a arte tradicional da época, dizendo que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis”.
Semana de Arte Moderna de 1922
2. A Semana de Arte Moderna de 1922, foi concebida por Oswald de Andrade (1890 – 1954), autor de Pau-Brasil (primeiro livro de poemas do Modernismo Brasileiro) e dos Manifesto Pau-Brasil (1924) e Antropofágico (1928) e por Mario de Andrade (1893 – 1945), artífice de Macunaíma (1928) e Pauliceia Desvairada (1922).
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi inspirada no Cubismo, movimento artístico criado por Pablo Picasso e Georges Braque, no início do século XX, o qual representava objetos e pessoas, por meio de formas geométricas formadas por cubos, daí o nome.
O catálogo do evento foi criado pelo pintor Di Cavalcanti (1897 – 1976).
3. Participaram da Semana:
Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, na Pintura e no Desenho;
Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura;
Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura;
Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, na Literatura;
Villa-Lobos e Guiomar Novais, na Música.
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Primeira-Dama do Modernismo
Não obstante, ser considerada a Primeira-Dama do Modernismo e um dos principais nomes do Movimento, Tarsila do Amaral, não participou do evento, pois estava estudando na Europa.
A artista voltou ao país em abril de 1922, período em que criou o “Grupo dos Cinco”, junto com Mário e Oswald de Andrade, Anita e Menotti del Picchia (1892-1945).
Tarsila é autora de Abaporu (aba: homem; poru: que come carne humana, em tupi-guarani) e Operários, dentre tantas outras obras-primas.
Nome: Abaporu
Produção: 1928
Onde Ver: Museu de Arte Latino-americana
de Buenos Aires/Argentina (Malba)
Nome: Operários
Produção: 1933
Onde ver: Palácio Boa Vista (Campos do Jordão/SP)
4. A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre os 13 a 17 de fevereiro, fez parte das comemorações dos 100 anos da Independência do Brasil.
A Semana de 22 representava a segunda “independência” do país; porém, no âmbito artístico, dessa vez.
O evento teve início, no dia 13 de fevereiro, com a conferência A emoção estética da Arte Moderna, de Graça Aranha (1868 – 1931), no Theatro Municipal de São Paulo.
Prosseguiu, no dia 15, com a declamação do poema Os Sapos (que foi muito vaiada pelo público presente no recinto), de Manuel Bandeira (1886 – 1968), por Ronald de Carvalho (1893 – 1935),
E, foi encerrado, no dia 17, com apresentações musicais, de Guiomar Novaes (1894 – 1979) e Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959).
O evento contou com cinco festivais, cada um deles, dedicado a uma Arte, quais sejam: pintura e escultura, literatura, poesia e música.
Modernismo
5. A Semana de Arte Moderna de 22 foi o marco do Modernismo Brasileiro.
O Modernismo Brasileiro se caracterizou por buscar criar uma Arte genuinamente nacional e por romper com o Academicismo, leia-se, Parnasianismo.
Tanto que o Poeta Manuel Bandeira fez uma crítica ferrenha ao Parnasianismo, movimento acadêmico e “elitista” vigente à época na Literatura Brasileira, na Poesia Os Sapos, extraída do livro Carnaval (1919).
Não obstante a resistência inicial, a Semana de Arte Moderna de 1922, quebrou paradigmas e, assim, influenciou tanto o Tropicalismo quanto a Bossa Nova; mas, principalmente, a cultura brasileira.
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Os sapos
Manuel Bandeira
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os delumbra.
—
Em ronco que a terra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
—
O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado,
Diz: — ” Meu cancioneiro
É bem martelado.
—
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
—
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
—
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
—
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
—
Urra o sapo-boi:
— “Meu pai foi rei” — “Foi!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
—
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
—
Ou bem de estatutário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo.”
—
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
–“Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”
—
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
—
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
—
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…
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